Um prazer de diversas formas e
conteúdos
Fonte: Collector's
magazine, Ano I - n° 04, Editora Nexus. Fotos: Fábio
de Cillo Pagotto.
arece incrível, mas as
latas de cerjeva se tornaram itens de colecionador muito rapidamente.
Retratos de culturas, as mais variadas, as latas trazem a mesma
variedade de temas encontrada em outras coleções,
como selos e cartões telefônicos. Hoje há
clubes organizados espalhados por países como Austrália,
Canadá, Alemanha, Suécia e Espanha.
Latas européias que reproduzem pinturas
famosas
No Brasil este tipo de coleção está começando
a tomar impulso agora. Claudio Nogueira é um dos mais
conhecidos no setor. Pertencente ao Brasil Chapter, Clube de
Colecionadores de Cerveja, começou sua coleção
em 1982 quando, durante uma viagem pela Europa, se deparou com
algumas peças que reproduziam obras de arte de pintores
famosos. Isso era algo que não existia por aqui na época. |
Ao comprar algumas em cada país que passava, logo se
deu conta de que sua coleção já começava
com 40 latas. Hoje seu acervo possui 28 mil latas, que Nogueira
guarda estocadas em duas casas. Seu clube se reúne todas
as segundas segundas-feiras do mês, a partir das 19 horas,
para troca de peças e informações. Além
de, é claro, experimentar uma cerveja.
Alguns itens valiosos da coleção:
latas da metade do século
Os supermercados estão vendo o potencial que o hobby
vem apresentando. Hoje já é comum encontrarmos
gôndolas com latas de diversos países. No bairro
do Campo Belo, em São Paulo (SP), existe uma loja especializada
neste tipo de coleção. Lá podem ser encontradas,
além de latas, bandejas, canecas, chaveiros, copos e canetas. |
Gênese
No geral é difícil saber com precisão
quando começaram as primeiras coleções.
O primeiro clube organizado conhecido é o Beer Can Collector's
of America, fundado em 1970. Biel Cristiensen, o maior colecionador
de latas de que se tem notícia, está na parada
há 44 anos.
As mulheres também também tem
vez na temática, como as "Bond Girls" |
A primeira lata de cerveja foi feita nos Estados Unidos pela
American Can Company, em Newark, New Jersey, para a Cervejaria
Krueger, em 1933. Por ter sido feita apenas uma pequena quantidade
para teste, nenhum exemplar é conhecido. Apenas em 1935
a mesma empresa lançou a lata para comercialização,
em duas versões: Krueger CreamAle (verde) e Krueger Finest
Beer (vermelha).
As primeiras peças foram feitas em folhas de flandres
(ferro estanhado), no formato parecido com as atuais. Como foi
um sucesso de vendas, as fábricas começaram a usar
embalagens feitas para óleosas chamadas Cone-Tops. Uma
variação lançada em 1940 pela empresa Crown
Cork, a Crown Tainer, apresentava um formato semelhante. As embalagens
Flat-Top eram as mais comuns até o surgimento das Pull-Tabs
(com puxador) em 1962.
Entre as latas mais cobiçadas estão: Krueger
(primeira do mundo); as latas feitas para a Segunda Guerra Mundial
pelos Estados Unidos (camufladas), conhecidas como Olive Drab;
as que retratavam as mulheres de James Bond; e as de países
exóticos difíceis naturalmente de serem conseguidas,
como o Irã, Iraque, Camboja, Vietnã, etc. |
Cerveja nacional
No Brasil sabe-se que a primeira lata nacional foi a Skol International
Beer, lançada em 1971, confeccionada em folha de flanders
pela MM. Somente anos mais tarde a produção passou
a usar o alumínio. Várias marcas já desfilaram
por aqui, como a Antarctica, Budweiser, Brahma, Belco, Carlsberg,
Cerpa, Heineken, Kaiser, Kroenbier, Mãe Preta, Malta,
Ouro Fino, Schincariol e Tauber. Algumas até já
saíram do mercado, como Brahma Extra, Malt 90,. Malzbier,
Caracu, Alterosa e Inglesinha. |
O associado do Brasil Chapter, Aldo David Costa, desenvolveu
um catálogo de latas brasileiras onde o colecionador pode
se inteirar do que foi lançado por aqui.
As mais raras nacionais são: Alterosa, Skol Sesquicentenário
(comemorativa de 72), Skol (Feliz Ano Novo, Boas Festas), Skol
Nova Era (comemorativa de uma convenção de distribuidores)
e Antárctica Braguinha (produzida especialmente para o
Sr. Antonio Carlos de Almeira Braga). |
Iniciação
Mas como iniciar
uma coleção? A maneira mais fácil, segundo
Claudio Nogueira, é conseguindo em bares e restaurantes.
Outra opção é pedindo para amigos e familiares.
Ou mesmo procurar em uma loja especializada como a acima citada.
Mas não confunda as latas com os rótulos de cerveja,
sendo estes últimos uma coleção totalmente
diferente.
Tente começar com um tema específico: esportes,
animais, motos, mulheres, tamanho de latas, épocas ou
mesmo algum país. A maioria dos colecionadores consertavam
suas latas vazias, catalogando-as e acondicionando-as de acordo
com seu próprio critério. Nogueira, por exemplo,
separa-as por continente, país e, dentro deste último,
por ordem alfabética.
O intercâmbio com outros colecionadores, principalmente
no exterior, ajuda. O Brasil Chapter fornece aos associados nomes
e endereços para trocas e orientações de
como fazê-las. Cada lata, para ser conservada inteira,
deve ser furada pelo fundo, a fim de não danificar o puxador.
Numa estante ela fica mais bonita e evita sujeira. |
Valores
Como toda coleção existem as "figurinhas"
comuns e as "carimbadas". Os preços variam de
R$ 0,50 (cervejas correntes num supermercado) até US$
6.000,00 (raridades como a citada no Guiness Book).
|
Se você se interessa em investir, deve tentar adquirir
latas que tenham mercado internacional, cuja tendência
será sempre de alta.
Mas as empresas nacionais valorizam este tipo de hobby? Segundo
Nogueira, nem tanto. "No Japão, que é um país
infinitamente menor em extensão, todas as cervejarias
separam um pedacinho de sua produção de latas e
as enviam ao clube de colecionadores do Japão que, por
sua vez, redistribui aos seus associados. Não queremos
nada de graça das cervejarias, só um pouco de atenção
e consideraçao", diz. |
Casos
Por aqui ainda há outros itens que são muito
procurados pelos colecionadores de cerveja, como bandejas, displays,
luminosos, bolachas e canecas. Ou mesmo itens que, quanto mais
difíceis de serem conseguidos, melhor. Nogueira conta
o caso de uma lata de Inglesinha, que conseguiu de um amigo.
O que desperta a atenção é o fato de que
esta cerveja esta guardada na geladeira por mais de vinte anos.
A lata, normalmente, já é muito rara. E em vinte
anos havia mudado de geladeiras, residências, bairros,
mas não foi jogada fora.
Krueger Cream Ale de 1935 - a 1ª lata
a ser comercializada
Outro amigo de Nogueira, grande colecionador de Krueger, achou
recentemente na esquina de sua casa, jogada no chão, uma
lata de Skol de folha de flandres, tamanho 340 ml, quando as
comuns são de 350 ou 355 ml. E assim vão as curiosidades
do setor. |
O mais interessante nesta coleção
é notar a variedade de formas e cores que as peças
oferecem
Mas a esta altura da matéria, você, leitor, deve
estar se perguntando sobre o porque de colecionar tais objetos.
Nogueira responde: "Vários são os motivos.
Dentre estes, talvez, o mais respondido pelos colecionadores
de uma maneira geral é a preservação da
história ou ainda mantê-la sempre viva. Penso que
só isto bastaria para colecionarmos principalmente porque
efetivamente moramos num país sem memória. Ou melhor,
que não se importa com o passado, quando sabemos que é
somente olhando o passado que faremos um futuro melhor".
A coleção de latas de cerveja já atingiu
um grau de seriedade tão grande que os próprios
colecionadores já ofereceram-se a todas as cervejarias
brasileiras para montar museus, uma vez que possuem todos os
exemplares de latas já produzidas, bem como protótipos
que nem chegaram a ser lançados. |
Voltar |