O prazer delas
é colecionar
Cinco mulheres falam sobre suas coleções e explicam
por que, mais do que mania, essa é uma atividade divertida
e apaixonante.
Desenvolver uma coleção
é um passatempo antigo e universal. Gente dos mais diferentes
lugares e perfis, de todas as idades, se dedica ao hábito
de juntar e organizar selos, moedas, cartões de telefone,
vidros de perfume, latas de cerveja, rótulos, carros e
uma infinidade de outros objetos, caros ou baratos, raros ou
comuns. Se você pensa que isso é coisa de quem não
tem o que fazer ou de quem adora abarrotar a casa de quinquilharias,
considere a possibilidade de mudar de idéia.
"A mania de colecionar é perfeitamente normal",
diz o psiquiatra e psicoterapeuta José Roberto Altenfelder
Silva Wolff. Guardar coisas de que se gosta faz parte do desenvolvimento
do ser humano. "É muito comum que as crianças
passem um longo tempo organizando e olhando seus brinquedos",
lembra Wolff. |
"Na vida adulta, algumas pessoas dão a esse hábito
que vem da infância a forma de coleção. "Em
casos extremos isso pode se transformar numa perversão,
avisa o psiquiatra. "É quando o apego aos objetos
colecionados passa a ter um sentimento de posse excessivo em
relação a eles."
O engenheiro Fábio Pagotto, editor da Collector's
Magazine, revista especializada no assunto, conhece muitas
histórias de colecionadores. "Há quem guarde
objetos antigos porque gostaria de ter vivido em outro tempo",
conta. Existem aqueles que colecionam para compensar alguma fustração.
Nem sempre, porém, a afetividade está associada
ao hábito. Pagotto cita como exemplo pessoas que querem
fazer bons negócios com suas peças. |
...E o vento levou
Ela não está muito preocupada com o julgamento
dos outros. Para a comerciante de obras de arte Beth Barreto,
de 37 anos, não há nada mais importante do que
sua coleção. Ela junta objetos ligados ao filme
...E o Vento Levou (1939). "Todo colecionador é um
pouco louco", diz ela ao definir seu fascínio pela
fita. Quando se casou, em 1986, Beth fez um vestido igual a um
dos modelos exibidos pelo personagem Scarlett O'Hara, vivido
pela atriz Vivien Leigh. "Adoro a Scarlett porque ela representa
a grandeza da mulher."
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Beth não tem idéia de quantas peças formam
sua coleção hoje, mas vive cercada de referências
do filme. A fachada de sua casa, no bairro do Morumbi, em São
Paulo, é uma réplica da sede da fazenda Tara, o
principal cenário da fita.
"Até minha cama é uma cópia da de
Scarlett." Como se não bastasse, ela tem um restaurante
batizado com o nome do personagem. Ali peças originais
da coleção se misturam com a decoração.
Nas paredes, em aparadores ou vitrines, vêem-se recortes
dos jornais da época em que o filme foi lançado,
fotos da produção das cenas, vestidos e outros
objetos.
Para quem curte tamanha paixão, gastar 2.500 doláres
num tailleur que pertenceu a Vivien Leigh não é
muito dinheiro. Ter um seguro para as peças nunca foi
uma preocupação. "Dizem que sou excêntrica,
mas eu não ligo." |
Se quebrar, quebrou
A jornalista Claudia Matarazzo, de 39 anos, coleciona só
por passatempo. Há quinze anos ela começou a juntar
xícaras de diferentes tipos e épocas e hoje dispõe
de cinqüenta.
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Apesar do carinho pelo coleção, Claudia põe
as xícaras em uso e não se importa quando alguma
delas quebra. "O importante é que elas me proporcionam
momentos agradáveis com os amigos." O valor das peças
varia de 15 a 150 reais.
Também faz parte do time que coleciona por passatempo
a desenhista Mara Silvia Bulgarão Cosmo. Ela começou
a guardar selos em 1974, quando era adolescente, e hoje possui
cerca de 15.000 deles. Sua coleção tem exemplares
de diversos países e está avaliada em 7.000 reias.
É o meticuloso trabalho de organização da
filatelia que lhe agrada. "Adoro organizar qualquer coisa:
bibliotecas, agendas, armários." |
Fonte de dinheiro
Para a decoradora Rosana Carnielli, de 39 anos, colecionar
cartões-postais virou profissão. Ela e o marido,
o psicanalista Raul Dick, compram e vendem cartões numa
feira de antiguidadas em São Paulo. Tudo começou
quando eles passaram a trocas os postais que sobravam de uma
coleção pessoal, composta de 1.200 exemplares do
início do século somente com images de cães.
Esses o casal não vende. "Encontrei nos cartões
uma maneira de substituir os cachorros de verdade, já
que no meu apartamento não posso criar animais",
explica Rosana. Quanto mais raro, maior é o valor de um
cartão. Os preços variam de 50 centavos a 20 reais.
A decoradora Diúde Tytgadt também ganha dinheiro
com sua coleção de 300 bonecas európeias
de porcelana e de 2.000 peças de mobiliário de
brinquedo. |
São todas de origem francesa e alemã, dos séculos
XVIII e XIX, e representam os hábitos de várias
épocas. Por isso Diúde aluga a coleção
para exposições sobre costumes e moda. Um centro
cultural paulistano já chegou a lhe pagar 13.000 reais
para exibir 31 bonecas e alguns brinquedos numa mostra. Nenhum
objeto sai de sua casa sem uma apólice de seguro.
Há vinte anos, Diúde ganhou as peças
de sua sogra. "Sempre adorei bonecas e ela achou que eu
cuidaria bem de todas. A partir daí, comecei a procurar
outros brinquedos antigos e hoje dedico a maior parte do meu
tempo à coleção.
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Agenda
Na Internet existe um site brasileiro dedicado ao colecionismo
- http://www.colecionismo.com.br.
Ali encontram-se artigos de especialistas e páginas dedicadas
exclusivamente a colecionadores de selos, de cartões telefônicos
e de moedas. Conexões com outros sites levam a associações
e páginas de colecionadores do mundo todo. Há dicas
para iniciantes e uma lista de emails para troca de correspondência. |
A revista Collector's Magazine é a única publicação
periódica brasileira sobre o assunto. Ela existe desde
1996 e circula a cada dois meses. Os telefones para informações
e assinatura são (011) 542-3895 e 240-3155. |
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