Autor: José Carlos Daltozo

O Cartão Postal e o Urbanismo

Estamos verificando na indústria editorial da atualidade, uma verdadeira avalanche de saudosismo traduzida na produção de livros sobre cidades brasileiras que utilizam o cartão-postal antigo como ilustração. O mais importante desses livros foi editado em setembro/99 e chama-se Lembranças de São Paulo - A Capital Paulista nos cartões-postais e álbuns de lembranças, de autoria do Eng. João Emílio Gerodetti e do Jornalista Carlos Cornejo.
Um trabalho primoroso, com 200 páginas, reproduzindo fialmente mais de 450 postais desde o início do século, separados por temas e bairros da cidade. O urbanismo tem tudo a vem com os postais, pois as fotos que os ilustram são, não raras vezes, as únicas existentes em arquivos municipais e estaduais de determinadas ruas, praças e construções. E são, por isso, cada vez mais procurados por editores de livros e revistas para mostrar "como eram as cidades no início do século".
Em outras capitais também foram editados, nos dois últimos anos, livros em que os cartões-postais são o tema predominante. Um deles, editado pelo colecionador Otávio Dias Filho, tem o nome de Belo Horizonte - Bilhetes Postais, traz cerca de 200 reproduções em suas páginas, em edição luxuosa. O outro livro tem o título de Rio de Janeiro Ontem & hoje e é de autoria de Alberto Cohen e Sérgio fridman, com 128 páginas deslumbrantes. Os autores utilizaram o Cartão Postal para uma abordagem inédita, numa mesma página reproduzem o postal do Rio do início do século e, embaixo, uma foto do mesmo local em 1998, apontando as mudanças ocorridas.

O Engenheiro e Professor da FAU-USP Benedito Lima de Toledo já escreveu inúmeros artigos para jornais e revistas mencionando o cartão-postal como ótima fonte iconográfica nas pesquisas de urbanismo. E escreveu três livros utilizando postais de sua coleção para ilustrá-los, um tendo como tema o anhangabaú, outro sobre a Avenida Paulista e o terceiro sobre o Prefeito Prestes Maia.
Mas não podemos nos esquecer dos postais modernos, que também devem ser colecionados pois as mutações nas cidades são frequentes. Vejamos um exemplo, o Vale do Anahngabaú em São Paulo. Um postal do início da década de 90 mostra-nos a circulação caótica de veículos, a passagem em desnível com a Av. São João e etc. Um postal atual, poucos anos depois, já mostra-nos o vale reurbanizado, com tráfego nos túneis e, em cima, uma grande praça com chafarizes, gramados e árvores. Há muitas cidades do interior que, na década de 80, eram pequenas e pacatas urbes, um postal atual já vai mostrá-las com vários edifícios, faculdades e grandes avenidas.

Portanto, não importa se a coleção é de postais antigos ou atuais, o essencial é que cada postal é único, mostra um momento especial da cidade retratada. E esses pequenos fragmentos do cotidiano devem ser preservados para o futuro.

José Carlos Daltozo - Caixa Postal 117 - 19500-000, é funcionário aposentado do Banco do Brasil, coleciona postais à 12 anos e possui hoje em dia mais de 78.000 (setenta e oito mil postais).

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