Autor: Leandro de Toledo Tavares

Processos de corrosão dos metais

É dificil que o tempo passe sem deixar marcas. Isto também conta para os metais que, naturalmente, podem sofrer vários e repetidos processos químicos capazes de modificar seu aspecto e sua cor. O caso mais frequente destas variações chama-se oxidação, e consiste num processo através do qual o metal absorve oxigênio e liberta hidrogênio (tecnicamente, diz- se que são
extraídos elétrons dos átomos de um elemento). É obvio que os diversos materiais reagem a este processo de maneira própria e característica: a platina não se oxida, embora possa ser atacada num estrato delgadíssimo imperceptível a olho nu. Também o ouro não forma uma pátina visivel (no máximo, pode adquirir uma peculiar variação na cor se permanecer longo tempo numa solução salina, como a água do mar). O ferro é muito sensivel à influência da umidade que, em presença de oxigênio, provoca a formação de ferrugem no metal subjacente. Com efeito, as moedas atacadas por este agente também ficam muito danificadas. Porém, há metais nos quais o fenômeno é mais notável e significativo.

O cobre é certamente o metal que, utilizado para moedas, experimenta mais variações, em geral bem visíveis e denotando a ação de diversos fatores. Passadas apenas algumas semanas de circulação, uma peça de cobre se escurece com facilidade, devido a umidade, ao anidrido carbônico e ao oxigênio. Outra característica peculiar do cobre (ou de suas ligas) é a formação de verdete, que se produz com relativa rapidez, no transcurso de poucos anos, devido a diversos fatores entre os quais a sujeira que se deposita na superficie e se aloja nos interstíscios da gravura da moeda. O verdete forma-se também na água, embora para isso requeira mais tempo.

O aspecto mais relevante entre as variações químicas do bronze é a formação da pátina; esta é o resultado final de diversas influências extemas (sujeira, incrustações de areia, ferrugem), e forma-se em caráter definitivo à passagem de muitos anos, quando não de séculos. Precisamente por essa lentidão, a pátina determina com boa margem de segurança a autenticidade da
moeda; daí porque deve evitar-se ao máximo limpá-la; além disto, a pátina torna-se uma barreira natural a outras alterações que podem danificar o exemplar. Naturalmente, os falsificadores já tentaram muitas vezes criar a pátina de maneira artificial, mediante cores à oleo, lacas e vernizes, mas sempre sem os resultados produzidos pela a natureza. De nada serve também
tentar obtê-la por meios naturais (por exemplo, enterrando as moedas durante um tempo), pois o revestimento que se obtém apresenta um aspecto macio, argiloso ou semelhante ao sal, o que não é proprio da verdadeira pátina. Se o tempo é o artífice principal da pátina, são vários os agentes que determinam suas interessantes e fascinantes variações de cores. A pátina verde é o resultado da interação entre sujeira e umidade, e sal dissolvido em gotinhas de água de neblina ou do mar. Além disto, forma-se nos metais já atacados pelo verdete. Os componentes orgânicos do terreno provocam uma pátina vermelha (que na verdade compreende uma amplíssima variedade de cores que vão do rosa ao vermelho e ao violeta), enquanto a pátina verde e a pátina vermelha juntas podem determinar a chamada pátina marrom (tons de marrom claro tendentes a vermelho podendo chegar ao preto). Os numismatas apreciam muito a pátina, tanto do ponto de vista estético, quanto comercial.

Uma bela coloração pode significar notaveis variações de preços e o valor será tanto maior, quanto mais nítidos e conservados estiverem os tipos do cunho. Por exemplo, a pátina negra tende a ser espessa e, portanto, a danificar a imagem da moeda, enquanto a chamada pátina fumo, devido a proximidade de um vulcão, acentua os relevos e, portanto, além de extremamente rara, é muito procurada e seu preço é elevado). Nas moedas romanas encontram-se os exemplos mais interessantes da pátina sobre bronze, pois a fascinação cromática desta pátina se une à natural beleza das peças. Para que a pátina possa elevar o preço de uma peça, é importante que não esteja distribuída em manchas ou de maneira irregular, pois aqui impõe-se também a regra geral de jamais tentar retirar este véu. O bronze sofre oxidações em casos de incêndio; vejam-se os assédios de séculoss passados, cujo epílogo mais comum eram os incêndios. A partir da cor denotada por estas moedas, podem ser reconstruídos interessantes detalhes que, de outro modo, dificilmente estaríamos em condições de conhecer: Se o cobre adquiriu uma coloração vermelha alaranjada, significa que o incêndio se produziu em presença de um pouco de oxigênio, e que o material se esfriou bruscamente com água; entretanto, se a pátina é negra, significa que o fogo se encontrava nas proximidades do local onde ocorre a descoberta.

A prata também experimenta variações de cores; de fato, com o tempo, tende a escurecer. Os motivos são multiplos e inclusive triviais, como seja a intervencao de alguns agentes presentes na atmosfera (hidrogênio sulfurado) ou de enxofre presente no suor das mãos e no couro de bolsas e porta-moedas. Se a moeda de prata estiver enterrada, pode entrar em contato com substâncias que a colorem de forma natural. A pátina de prata pode adquirir diversos matizes: Do amarelo ao cinza, do marrom a um belíssimo violeta. Também neste caso, tentar limpá-la é inutil, pois em muitos casos a mesma pátina tenderá a formar-se de novo. Todavia, muitas vezes são justamente as tonalidades da pátina que fazem aumentar o valor numismático das moedas de prata.

Algumas mudanças de cor devem-se a ações químicas artificiais. Vejam-se as variações provocadas nas moedas por soldaduras (por exemplo, ao montar-se um colar) ou os danos provocados por limpezas inadequadas, sobretudo se
efetuadas com ácidos. Existem, por último, "doenças" que atacam os metais, modificando seu aspecto. Por exemplo, a "peste do bronze", que se manifesta em forma de inflorescências e manchas; umas e outras destroem pouco a pouco todo o metal, que se transforma num polvilho de cor branca esverdeada. Como em geral este fenômeno se dá nas moedas procedentes de escavações e que depois são expostas nos museus, fala-se também de "doença de museu". O enterramento muitas vezes bloqueia os processos degenerativos; contudo, regressadas à superficie e submetidas à ação dos agentes atmosféricos, o
processo destrutivo se reinicia.

Volta

Procure produtos em nossos leilões Busca Avançada - Ver Tudo

COMO ANUNCIAR - QUEM SOMOS - ASSOCIE-SE - NÓS NA MIDIA - PRÊMIOS - PRIVACIDADE - FALE CONOSCO