Filatelia
COMO COLECIONAR SELOS - 2ª Parte

Autor: Sergio Marques da Silva

1° - COMO MANUSEAR CORRETAMENTE OS SELOS

Em princípio, daremos algumas dicas de como lidar com os selos, pois, tratando-se de material relativamente frágil, por ser sua matéria prima o papel, deveremos, portanto, tomar certas precauções para que os selos não se danifiquem no manuseio pelos próprios filatelistas ou através da ação dos tempos.
A primeira observação consiste em seguirmos algumas normas, como termos sempre á mão uma pinça para manusear os selos, pois o contato direto dos dedos com o papel, vai propiciando uma degradação do papel, pois são levados aos selos agentes gordurosos ou algum elemento ácido, que tendem a agir diretamente sobre a base do papel ou na própria tinta da impressão, visto que, além dos elementos acima citados, há o suor e umidade sempre presente em nossas mãos.
Os selos avulsos usados que estiverem com parte da goma ou alguma mancha, ou mesmo colados sobre pequenos fragmentos de papel, devem ser lavados, bastando para isto, colocá-los em um recipiente com água e após alguns minutos eles se desprenderão dos fragmentos. Em seguida devemos colocá-los por algum tempo sobre folhas de jornal, para que sequem. Em seguida, para que tomem uma forma plana e totalmente sem umidade, colocaremos os selos entre as folhas de um livro ou lista telefônica, ficando, assim, em condições de serem classificados e guardados em local seco, livre de elementos depredadores.
Estes selos não devem ficar em classificadores ou álbuns por uma eternidade, como normalmente ocorre. Eles devem ser manuseados, as folhas devem ser periodicamente vistas e ventiladas, pois isto evita que agentes como o bolor, tomem conta de todo um acervo, acabando por deixar marcas, em certos casos, irreparáveis.
Devemos, sempre que possível, nos voltarmos às nossas coleções, para que estas não fiquem, sem que percebamos, à mercê de elementos nocivos, como a umidade, ferrugem, insetos predadores, poeira, mofo, sol e calor em quantidade. Se tomarmos estas precauções, nossa coleção estará preparada para sobreviver através do tempo, sempre nos dando horas agradáveis de lazer e cultura

2° - OPÇÕES SOBRE QUE TIPO DE SELOS COLECIONAR


De uma forma geral, qualquer selo pode ser colecionado, independente do tipo ou o que ele traga estampado. Mas como estamos falando de um segmento colecionável onde existem milhões dentro da mesma espécie, devemos nos direcionar àquilo que nos dá mais prazer em fazê-lo.
Alguns parâmetros podem ser tomados, desde o início, para que os colecionadores não fiquem perdidos num mundo enorme de exemplares, sem saber que rumo tomar.
Podem ser escolhidos para serem colecionados selos novos, comprados nas agências dos Correios ou em lojas filatélicas, ou selos usados, retirados de fragmentos de cartas recebidas ou adquiridos com parentes, amigos, firmas comerciais ou mesmo em lojas filatélicas, clubes ou espaços abertos como nas bancas em locais públicos.

Existem também duas formas distintas de coleções: As coleções Clássicas e as coleções Temáticas. As coleções Clássicas seguem uma maneira tradicional em que os selos são organizados cronologicamente, desde o primeiro até os lançados nos dias atuais. Nas coleções Temáticas, segue-se um tema escolhido, como por exemplo: Barcos, Flores, Cavalos, Cachorros, Abelhas, Aviões, ou seja, uma relação sem fim de opções.
A filatelia evoluiu e criou uma outra forma de colecionismo, que consiste na realidade em uma mescla de Clássica e Temática, surgindo, assim, as coleções de História Postal, onde é escolhido um assunto de interesse do colecionador e feito um estudo minucioso, culminando com um verdadeiro acervo de selos e cartas relacionadas ao assunto escolhido. Infinitos são os segmentos colecionáveis, como: A vida de personagens históricos, arquitetura, biologia, ciências, meios de transporte, política, pintores e suas obras, trajetos percorridos por determinadas cartas, rotas aéreas, navais, terrestres etc. Podem ser feitos estudos para direcionar uma coleção de história postal, para selos referentes a guerras, astronomia, botânica, religião, tendo o colecionador uma gama enorme de opções à seguir. É um avanço filatélico que está presente em todas exposições.

 

3° - MATERIAIS IMPORTANTES PARA O COLECIONISMO

Além da já citada pinça, lente e classificador, o colecionador deve ter outros acessórios não menos importantes: um recipiente para lavar os selos, uma caixa para serem colocados os selos usados, envelopes, até que sejam transportados para os classificadores ou álbuns. É importante ter sempre à mão uma cartela com Havids, que consistem em tiras duplas plásticas, sendo uma preta e outra incolor, unidas entre si, para que sejam colocados os selos novos com goma ou mesmo selos usados mais raros, para que não se danifiquem. Estes Havids são encontrados com facilidade em qualquer loja filatélica. Eles são fornecidos em embalagens com 10 tiras, e são cortados de acordo com o tamanho dos selos, na realidade um pouco maiores que os selos. Este corte pode ser feito com uma simples tesoura.

Para colecionadores mais avançados, existem cortadores de Havids próprios e outros acessórios diversos que muito contribuem no colecionismo e no estudo aprimorado dos selos. Odontômetros eletrônicos contam os picotes; Micrômetros medem a espessura do papel do selo; Luz Violeta mostra a fosforescência do papel; Lentes mais possantes, Microscópios, Filigranoscópios eletrônicos ou com Gel. Mas isto tudo são acessórios que podem ser encontrados e utilizados em clubes filatélicos, sem a necessidade da aquisição pelo colecionador.

Um catálogo de selos do país ou tema colecionado é muito útil, pois através dele é que o colecionador localiza e direciona os selos dentro da coleção, servindo, inclusive, para saber o valor de cada selo individualmente. Estes catálogos trazem, além do número e preço, datas, tipos de papel, número de picotes, tipo de goma etc. Estes catálogos são fundamentais para o estudo dos selos, tanto nas coleções Clássicas como nas coleções Temáticas.


SÉRGIO MARQUES DA SILVA , autor desta matéria, é presidente do Clube Filatélico São Paulo;
Vice-presidente da Sociedade Philatélica Paulista e autor do livro "Selos Postais no Mundo"

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